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Um sopro
de luz
abre
no espaço
uma fenda
clara
para o dia
que nasce
João Apolinário
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Um sopro
de luz
abre
no espaço
uma fenda
clara
para o dia
que nasce
João Apolinário
Há muito que esperava por aquele telefonema. Não esperava é que chega-se naquele dia.
Era um Domingo de Abril.
As coisas quando chegam até nós. Mesmo as melhores. Estranhamos. Quando já estamos preparados para elas pode ser o auge de uma euforia ou de uma amargura.
Eu amava-a e ainda a amo. Quando ouvi o toque do telefone, senti uma angústia. Foi um acordar brusco e de repente, um acordar para um pesadelo para o qual já deveria estar preparado.
Atendi o telefone, seriam umas sete horas da manha, mais coisa menos coisa… que interessa…
Tinha falecido disseram-me. Perguntaram se falavam para a casa da família dela e quem era que falava. Identificaram-se.
A identificação foi a primeira coisa que me deram. O pesadelo começava pois eu já sabia o que poderia vir a seguir. Teria sido escusado tantos pormenores. Poupariam tempo e dinheiro. Se é que eles lhes era precioso.
Foi frio. Assim senti aquilo que ouvi. Parecia que quem estava do outro lado já estava imune aos sentimentos que poderiam passar-me na alma.
Morri!
Por aquele tempo meu coração estava perdido numa paixão.
Corri…para não perder a “tal paixão”.
Declarei-me.
Respondeu-me: - Já te conheço…
Como se alguém conhecesse alguém… realmente…
Morri!
Duas mortes… em poucos dias. Pois ela nunca morreu em meu coração.
Minha Mãe acabara de falecer. O ser que eu mais amava morrera… e eu não conseguia chorar.
Seu corpo deitado na Casa Mortuária era-me estranho. Não era ela que estava ali mas um cadáver…o seu cadáver.
Pois ela era e é muito mais que aquilo. Que aquele corpo. Gelado…diferente.
Ao funeral apareceu muita gente. Muitos Amigos…até amigos que só se lembram de nós na morte – Abutres.
Morto. Esperava um milagre….a salvação por aquela que estava apaixonado.
Na missa de sétimo dia só esperava que ela chegasse e me resgatasse daquele inferno. Daquela morte. Queria ressuscitar. Queria que ela fosse a minha ressurreição.
Perdi. Não apareceu. Disse-me: - Já te Conheço…
Meu coração chorava, chorava…
Meus olhos estavam secos.
Esperava um resgate que não surgiu. Entrei em desespero, em Pânico
Foi um longo e duro percurso.
Fui um morto vivo.
Ressuscitei… ao fim de muitos meses.
Outro amor. Outra paixão.
Morrerei…?
Ainda bem que há Amigos.
O medo é muitas vezes o muro que impede as pessoas de fazerem uma série de coisas. Claro que o medo também pode ser positivo, em certa medida ajuda a que se equilibrem alguns elementos e se tenham certas coisas em consideração, mas na maior parte dos casos é negativo, é algo que nos faz mal. (...) O pior medo é o medo de nós próprios e a pior opressão é a auto-opressão. Antes de se tentar lutar contra qualquer outra coisa, penso que é importante lutarmos contra ela e conquistarmos a liberdade de não termos medo de nós próprios
José Luís Peixoto
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