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Contos, Lendas e Poesia

Contos, Lendas e Poesia

31
Ago06

Frases...

contoselendas

        Não sou como a abelha saqueadora que vai sugar o mel de uma flor, e depois de outra flor. Sou como o negro escaravelho que se enclausura no seio de uma única rosa e vive nela até que ela feche as pétalas sobre ele; e abafado neste aperto supremo, morre entre os braços da flor que elegeu.

 

Roger Martin du Gard

31
Ago06

A VERDADE DIVIDIDA

contoselendas

A porta da verdade estava aberta
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só conseguia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia os seus fogos.
Era dividida em duas metades
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era perfeitamente bela.
E era preciso optar. Cada um optou
conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia.

 

Carlos Drummond de Andrade

30
Ago06

Poema Antigo

contoselendas

O homem que percorro
com as mãos

e a lua que concebo
na altitude
do tédio


o oceano
penso paralelo - ventre
à praia intacta
das janelas brancas
com silêncio

ciclames-astros
entre
as vozes que calaram
para sempre
o verbo - bússola
com raiz - grito de relevo

O homem que percorro
com as mãos

a estátua que consinto
a lua que concebo.

 

Maria Teresa Horta
30
Ago06

As Facas

contoselendas

Quatro letras nos matam quatro facas

Que no corpo me gravam o teu nome.

Quatro facas amor com que me matas

Sem que eu mate esta sede e esta fome.

 

Este amor é de guerra. (De arma branca).

Amando ataco amando contra-atacas

Este amor é de sangue que não estanca.

Quatro letras nos matam quatro facas.

 

Armado estou de amor. E desarmado.

Morro assaltando morro se me assaltas.

E em cada assalto sou assassinado.

 

Quatro letras amor com que me matas.

E as facas ferem mais quando me faltas.

Quatro letras nos matam quatro facas.

 

Manuel Alegre

29
Ago06

Declaração

contoselendas

Sinto que vou voltar-me para Ti,

Para Ti — como te descrevem e não há que fugir,

não como te penso.

Mesmo o que eu sinto

é que, mais tarde ou mais cedo, cairei rendido.

Contudo sei que vou acreditar

e esquecer o resto porque é lógico, tão lógico!,

tão claro que enraivece e cansa e desconsola...

Ah eu bem conheço que não somos racionais,

mas sempre somos nós e sermo-nos

é o haver mistérios na alma e no mundo

e o não haver necessidade de mistérios em Ti.

Contudo sei que um dia cairei rendido

e hei de acreditar nos dogmas

e nessa crença encontrarei a alegria

de quem contempla paredes verdadeiras

só do seu lado, encontrarei uma alegria de sedução poética ...

Sei também que hei de acabar por ter

piedade dos que não acreditarem

e que hei de deixar de compreender o mundo

uma maneira de sentir de cada um,

para primeiro sinceramente o considerar maneira vaga de

Tu seres,

de Tu te revelares,

e depois me esquecer de tudo

e ir ajoelhar diante dos teus altares

com crepitações mansas de felicidade

e achando poucas todas as velas e flores

para o trono em que estarás por dentro dos meus olhos.

Sei que hei de repetir inefavelmente as orações

e todos esses requerimentos divinos em que há um espaço

para o meu nome;

sei que me hei de entregar a quanto dizem a Teu respeito

e que a minha alma passará a ser minha

e de quem a pesquisar e dormirá tranquila;

sei que hei de beijar a mão aos íntimos dos teus símbolos

e que os hei de ouvir como se tivesses bocas terrenas,

ah sei que hei de ter preferência por uma ou outra das formas

que dão a Tua Mãe,

sei que hei de olhar enlevado o que não é o Teu retrato,

principalmente aquele de quando eras menino,

e que hei de admitir a Tua presença actual e simultânea

do Teu corpo em todas as Tuas idades e seus acontecimentos;

sei que poderei servir a propaganda

— olhem-no!, como se converteu —

e sei que o meu orgulho se revoltará

e tirarei prazer de Ti nessa revolta;

sei que hei de distinguir entre Ti e o Teu coração,

sei que hei de ser sincero em tudo por não dar por isso,

e sei que hei de esperar confiado a hora de ir ter contigo,

atribuindo-te entretanto,

sem querer e sem pensar,

qualidades mesquinhamente humanas e quimericamente divinas,

vendo sinais de Ti em todas as coisas até na minha inércia,

sinais da Tua justiça no mínimo contratempo,

sinais dos Teus desígnios na maior catástrofe...

E SEI QUE, ENTÃO ME HEI DE RENEGAR E ESTE POEMA

À FRENTE?

que hei de renegar tudo,

e por isso Te previno do que sei

para que toda a gente possa ver que eu sinto o que hás de ser

— é que eu conheço-me e adivinho os outros

ou julgo adivinhá-los, tanto faz para o caso.

Talvez que eu me engane e esteja a sustentar-me de erros,

mas os meus erros também são eu próprio!

e eu sei que hei de ser eu e Tu

e os meus erros entre nós dois

enquanto não fechar os olhos e os não reabrir

tal como te descrevem e não há que fugir.

Por tudo, por nada, por mim, que eu abandonarei,

Por Ti, sim, por Ti!... e tudo é tudo,

eu Te previno e mais Te digo:

não irei para Ti..., Perdoa-me! ... 

(Olha, já Te peço perdão!)

não caminharei para Ti por hábito ou por fé,

nem por tradição,

nem por interesse,

mas porque o Outro, cá dentro, abdicará, não tarda...

e para onde me voltarei eu, eu!. . ., senão por Ti

até acreditar em Ti como te fazem?

É melhor assim — não procurar.

Tudo está feito, tudo está escrito,

tudo está murado, e bem, com alicerces nos nossos próprios defeitos

— é só ouvir,

é só ler,

            é só pasmar sereno,

                        é só ficar.

 

Jorge de Sena

29
Ago06

...

contoselendas

Chegaram as férias de verão,

o sol, a praia….

 ficaram os amigos

e com eles a saudade persegue-me.

Fiz outros amigos

o verão acabou,

as férias, a praia…

ficaram os amigos

e com eles a saudade persegue-me.

 

Contoselendas

 

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